quarta-feira, setembro 20, 2006

Ai Portugal, hoje és nevoeiro...

1.Esta semana passava na rua quando duas vizinhas, destas senhoras simples de um bairro velho de centro da cidade comentavam uma com a outra como já há muito separavam os lixos. Eu mesmo o comprovo, quando de manhã arranco para o trabalho, e lá estão elas deitando cada lixo em seu contentor.

Nesse mesmo dia, já pelo fim da tarde/noite, passeava numa zona bem mais refinada, frente ao mar, onde as minhas companhias circundantes eram ilustres colunáveis e pseudo finos da cidade, sempre prontos a mostrar-se pelo Ambiente, pela Educação, pela Cultura. Entre as casas, nos passeios, juntavam-se dejectos de animais. Na rua onde passava, havia mais postes de sacos que no jardim onde diariamente passeio as minhas cadelas. E no entanto, pareciam ali estar apenas para decorar a rua com um pouco de verde e preto... Alguns sacos de lixo, pretos, clássicos, estavam pousados no passeio, com contentores a poucos metros. Rompidos por gatos que se acumulam em alguns terrenos mais baldios vizinhos, mostravam toda a espécie de lixo misturado - orgânico, plástico, metal, até vidro.
Como se explica isto? Talvez estes senhores não saiam à rua a pé, passem apenas por ela nos seus carros, quais redomas, isolados.
Será esta a regra de Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz?!?

2. Quando há mais de 4 meses, recebi o Miguel, como Pai, solicitei o correspondente subsídio de paternidade, pelo tempo que fiquei em casa tomando conta dele, em substituição da minha mulher que (coitada!) não pode parar de trabalhar. Quando depois de 3 meses de atraso não encontravam o meu pedido de subsídio (estive 2 meses de baby-sitter) fui à SS (leia-se Segurança Social!) e disseram-me ter perdido o meu processo. Espantoso... Entreguei segunda via... Passado mais um mês, avisaram-me que o pedido tinha um erro, que teria de rectificar - eu pedia a licença desde dia 15 (em que comecei a visitar o Miguel) e só me poderia ser concedida a partir de dia 18 (dia em que realmente nos foi entregue). Já de si, supreendente, mais supreendido fiquei quando me pediram que entregasse novamente um papel devidamente preenchido. É que a SS não pode responder às pessoas "o seu pedido foi concedido, mas apenas a partir de dia 18 e não dia 15"... Dá muito trabalho...

quarta-feira, abril 19, 2006

O voo da cegonha



Finalmente parece que a gripe das aves teve algum benefício!

Uma cegonha afectada finalmente parou por cima da minha chaminé. Foram precisos 8 anos de muito "tiro" para conseguir, mas eis que a Graça de um filho me chegou, e daqui a 1 mês, o Miguel vem viver connosco.

Podia entrar aqui em grandes verborreias sobre o assunto, mas só me apetece estar calado e olhar a cara dele.

quarta-feira, abril 12, 2006

Arrancando!

Finalmente decidi-me e aqui me lanço nas crónicas.

Ainda não sei muito bem que rumo há-de ter este Periscópio, mas seguramente andarei por aqui a comentar para o universo cibernáutico pequenas coisas que for achando interessantes...

Hoje começo com coisas simples:

Ouvi nas notícias que o Estado acha que a arte portuguesa é subsidio-dependente.

Espantoso! Foram precisos não sei quantos anos para chegarem a essa conclusão brilhante?!?

Experimentem obrigar as empresas como o La Féria ou o Paulo Branco a dar lucro... Eu achei muito interessante um debate, aqui há umas semanas, em que o Paulo Branco defendia que sem apoios era impossível fazer cinema em Portugal. É capaz de ter alguma razão. Mas a verdade é que os apoios vão sempre para os mesmos. Os novos têm que trabalhar a quadriplicar e, com sorte, lá conseguirão alguma coisa.

Lembro-me que, há 4 ou 5 anos, apresentei um projecto ao ICAM aquando do concurso para apoio a curtas-metragens. Eu, um mero gestor, concorri com fundos próprios e alguns amigos da Católica para tentar fazer uma curta. Na altura, todos os professores consideraram o projecto de grande qualidade. Orçamentámos a coisa em cerca de 3.000 euros, e lá andei à procura de apoios, entre os quais o do ICAM. Lembro-me que o caderno do concurso falava em "apoiar novos talentos e empresas emergentes no mundo do cinema".

Curiosamente, os critérios depois começavam por valorizar o número de anos da empresa, o currículo e o número de projectos já realizados.

Claro que a minha curta ficou em 80ª entre 180, tendo sido os dinheiros todos distribuídos para empresas do mercado (Fado, Paulo Branco, etc.). Como vitória moral, ficou a satisfação de ser a melhor fora de Lisboa... e um maçarico que aprendeu a não ser urso!!!!

Arranjei um apoio privado e lá arrisquei a produção. Foi uma confusão (como muitos, aliás), mas uma boa lição de humildade.

Infelizmente, ainda não consegui juntar dinheiro (ou meios) para a pós-produção, e o filme continua por terminar. Lá chegarei, um dia.

Eu sou a favor da abolição da maioria dos subsídios. Principalmente daqueles que são a fundo perdido. Porque a cultura portuguesa é a do "gasta que alguém está a pagar", acho que só no dia em que as coisas deixarem de ser apoiadas é que vão passar a ser bem feitas. Talvez esteja a ser demasiado radical. Talvez não perceba puto disto, e não veja que um "empurrão" só valoriza...

Mas aqui, deste periscópio, esta é a visão do Mundo.