segunda-feira, novembro 24, 2008

O mundo das Arábias

Ao longo dos últimos dias, tive oportunidade de assistir a diversos filmes muito actuais, sobre ao Americanos e o Mundo Árabe, fosse pelos olhos de um homem e o seu alter-ego de metal, pelos de um professor de Química subitamente confundido com um terrorista, ou através de um jovem agente que tenta subviver e submanter a sua moral e valores.

Fosse por que perspectiva fosse, dos três me ficava a ideia de um desencanto dos Americanos para com eles próprios, porque vendiam armas aos Árabes, porque os queriam proteger ou os manipulavam, ainda que terminado sempre sendo os bons da fita.

A verdade é que, também nestes últimos dias, tive o privilégio de conviver com árabes do mundo real - de Omã, da Turquia, do Irão. Árabes a quem os ocidentais molestam, insultam e maltratam na lamentável (e ignorante!) desculpa de que se sacrifica o justo pelo pecador, qual teoria do Cordeiro.

Sendo Português, esse povo mestiço cheio de raízes em todos os continentes, sempre considerei que nós éramos o exemplo, dos que sabem viver com todos, e com todos darmo-nos bem.

Foi por isso que ouvi com surpresa a história de um jovem turco que quis vir ao meu País em negócios, e a quem o visto foi negado. Ele, que mais não queria que trabalhar no seu negócio (que não são tapetes nem especiarias, apenas traduções!) tentou, puxando das mais íntimas entranhas da sua natureza, negociar, qual bom árabe desempenhando o seu papel universal.

Mas nem assim...

Como turista poderia ter sido, como homem de negócios não.

E portanto, porque é um homem honesto e trabalhador, o meu pobre Amigo não conseguiu visto para Portugal.

Falando com ele, numa cidade do Centro da Europa onde, em negócios, um outro país bem menos tolerante lhe havia permitido entrar, não pude deixar de me lembrar de um Professor que tive, também de origem árabe, e que desde o 11 de Setembro havia desistido de voltar aos Estados Unidos, tamanhas eram as provas por que havia de passar para lá entrar... Ele, que vinha transmitir conhecimento aos alunos Americanos, ensinar-lhes a fazerem um Mundo melhor.

Este é o Mundo em que vivemos. Um mundo em que chamamos "terroristas" a todos aqueles que usam um turbante na cabeça, influenciados por canais de outros continentes perfeitos na arte da propaganda política (legal, porque paga publicidade).

Eles (árabes) chama-nos "infiéis"... Mas não somos.

Somos ingénuos, provincianos, míopes ignorantes e certamente muito, muito cínicos.

Falam em tolerância, quando deviam falar de respeito.

Falam de justiça, quando apenas usam um peso e uma medida.

Falam de terroristas, quanto deviam falar de irmãos.

E todos, TODOS, falamos na 3ª pessoa, porque nos é mais fácil olhar para o lado, e fazer de conta que não é nada connosco...