terça-feira, julho 14, 2009

E esta, hein?

Estava eu todo preocupado com as férias que se aproximam, fazendo contas sobre o que poderia ou não fazer, quantos dias, quantos mimos, quantos luxos, quando fui confrontado por uma doce e carinhosa carta vinda do nosso Ministério das Finanças, com a conta do IRS.

E eu, que todos os anos alardeio a prudência com que desconto mais do que o devido, procurando realizar uma poupança que me permita chegar a férias e receber um prémio pelo meu bom comportamento fiscal, não poderia ter recebido maior surpresa!

Em vez desse prémio tão desejado, recebi uma conta, uma nota fria e dolorosa, informando-me que as várias dezenas de milhar de euros deixadas já em sede de IRS não eram, afinal, suficientes para cumprir as minhas responsabilidades fiscais.

Fiquei chocado, é bom de ver, pois não sou assim tão abastado, apenas um jovem empreendedor, procurando criar algum fundo de maneio para o futuro incerto a curto e a longo prazos...

Liguei à minha contabilista, boa Amiga e competente técnica, na esperança de que ela houvesse encontrado um qualquer erro na declaração, uma má inserção, qualquer coisa que pudesse transformar a dolorosa carta num maravilhoso equívoco. Mas não... A declaração estava correcta, os valores a pagar eram "os devidos".

Procurei perceber o que se passava, ela explicou-me:

- Tenho rendimentos de uma casa que comprei com empréstimo bancário, um PPR que a família procura manter com esforço, pagando as rendas do banco integralmente com as rendas que recebemos. Mas, eis que a renda recebida entra totalmente para o Rendimento, mas a renda paga não. E, coitadinho do Estado, neste ano de Investimento Público, há-que ir buscar dinheiro a algum lado. Então, reduzamos os limites de dedução, para que esses malandros que tentam investir percebam que o melhor é estarem quietos. Mensagem percebida, Sr. Ministro das Finanças!

- Estou a tentar criar uma empresa com um amigo, mas quando fomos estudar a tributação das receitas, verificámos que afinal, estou a criar uma empresa com dois sócios - o meu Amigo e o Estado. Fui, por isso, ao Ministério, saber o que o meu sócio Estado me estava disposto a dar, como apoio. Depois de várias reuniões e estudos de financiamento, a conclusão é simples: Uma palmadinha nas costas e as contas no final do ano.

Perante tudo isto, as palavras desse ícone da comunicação que acompanhou a minha infância e juventude, algures no final do telejornal, soaram na minha cabeça: "E esta, hein?"

Isto é que é parceiro! Sejamos sinceros e honestos, eu sou o primeiro a querer ter os meus impostos pagos e acertados, mas perante uma postura vil e tão pouco parceira, confesso que me sinto desmotivado. E perante coisas como estas, dá vontade se ser Brasileiro...

Será que eles também são assim com os impostos? Bem, mas pelo menos, dão-nos aquelas praias maravilhosas e os petiscos ASAE-free, que fazem tudo tão mais barato...

Que ricas férias se avizinham!