sábado, fevereiro 27, 2010

Ontem enquanto olhava a Lua...

Ontem, enquanto à noite, saindo da casa de um Amigo apreciava silencioso a Lua, o mundo tremia não muito longe de onde me encontro.

Ontem, olhando uma maravilha da natureza, inebriando-me com a sua força simbólica e a sua aura, a natureza sacudia-se e arrasava, rebelava-se.

No presente dos dias (e das noites), busco-me e confundo-me, por entre uma nova realidade que me sacode todos os dias quase como o tremor revolto de ontem.

Brincamos aos deuses, uns mais que outros, à nossa escala e dimensão, querendo encontrar as referências que nos encaminhem nos horizontes da vida. E no entanto, a cada dia, recebemos sinais dispersos e conflituantes, de que sim e de que não, de bom e de mau, de sorrisos e de choros, e arrepios de dor e espasmos de prazer.

Hoje apetecia-me dizer muita coisa... Falar do sol, da chuva, da Lua e da Terra, mas não há meio de fazer com que as linhas de pensamento se organizem, se conjuguem em ideais articuladas que justifiquem mais mensagem.

Escrevo na mesma, porque estou farto de apagar, e acredito mais em construir que destruir, em torcer que quebrar (independentemente do que disser o ditado!)

E fico a pensar que ontem, enquanto olhava a Lua, o tempo parecia parar e por um momento ser só meu e eu ser Deus. Mas,afinal, não foi bem assim.

E daqui, deste periscópio da vida, procurando olhar distante o que acontece à minha volta, sento-me e absorvo.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Liberdade de expressão

Por estes dias, ouve-se em todos os cantos gritos de alerta por causa da liberdade de expressão (ou falta dela).
Confesso que este sempre foi um tema que gerou alguma controvérsia dentro de mim próprio. Não porque não acredite na liberdade de expressão, antes porque o mundo ocidental sempre foi perverso na gestão da expressão.
Todos somos a favor da liberdade de expressão excepto quando ela nos incomoda, veja-se os casos dos partidos radicais de direita, dos castigos aos presidentes de clubes de futebol ou os despedimentos por causa do facebook, isto sem esquecer aquele direito que os jornalistas (e os paparazzi) tanto prezam - o direito de informação.
Sempre questionei as situações em que os fins justificaram os meios. Os jornalistas cometem ilegalidades, e ninguém os pode incomodar.
Quando o tiro lhes sai pela culatra, ficam muito revoltados.
Em nome da liberdade de expressão, não terá o Primeiro-ministro direito, na verdade, de dizer o que quer? Ou, por ser PM, os seus direitos são limitados? Ou será que aqui, mais que direitos, estamos a falar de deveres?
Do meu ponto de vista, ninguém pode criticar as conversas do PM e seus amigos. São legítimas e entende-se de onde vem.
Mas, se se tornarem acções, aí, será diferente.
Conversas como a de que se fala devem acontecer muitas vezes. A prova de que ainda existe liberdade de expressão está na importância que esta situação assumiu.
Mas será que aqueles que se auto-intitulam arautos da liberdade de expressão o são realmente? Será que os editores e os jornalistas são mesmo imparciais e livres? Publicarão mesmo os jornais noticias que afectem os seus donos e/ou patrocinadores e/ou “amigos”? E será que isso não é natural? Legitimo?
Penso que a reflexão a fazer tem de ser mais profunda que a superficialidade em que está a ser mantida, com uns quantos a tentarem tirar partido da situação, passando-se por vítimas.
Considero que os meios actuais de informação dificultam (e muito, veja-se a superpoderosa China e o problema Google!) a existência de uma restrição de informação efectiva, em particular nos países mais desenvolvidos. Temos todos de aprender a viver neste novo mundo, em que os meios são mais e com um impacto muito maior.
Talvez o ideal seja o Governo trocar as encomendas de vacinas junto da Glaxo por pastilhas para a azia e aguentar...