quinta-feira, março 13, 2008

Tempo ou falta dele...

Consultava há uns dias um livro numa Biblioteca enquanto aguardava atendimento e eis senão quando me dou perante um livro sobre uma remota cidade na Índia onde as pessoas vão morrer, qual cemitério de elefantes.

Não pude deixar de parar um pouco para pensar no fenómeno bizarro que deve ser partir, deixar família, amigos e ir esperar a morte para um qualquer lugar. Ainda mais quando nós, aqui neste Ocidente desenvolvido tudo temos, menos tempo!

Senti uma curiosidade inocente de ir visitar aquele local, não pelo que representa, mas pelo que significa ter tempo para se poder esperar a morte, como se a vida tivesse terminado antes de tempo mas nós ainda por aqui andássemos, esperando o dia final em que o nosso corpo se desliga, abandonado da alma.

Suponho que isso possa vir do desencanto da reencarnação, da redundância de saber que a vida é um círculo, ora vicioso, ora virtuoso, que espera por nós na próxima curva do tempo.

Nós Ocidentais, perdemos essa capacidade de resignação, e somos sedentos de tempo, ávidos de vida, curta, intensa, memorável, procurando deixar atrás de nós um rasto, memória da nossa passagem por esta dimensão.

Não sei quem está mais certo, se nós, se eles, mas aqui, do olho deste Periscópio, fiquei a pensar, dedicando um pouco mais de tempo do que o tinha, mas certamente menos do que deveria.