segunda-feira, abril 05, 2010

O que é nacional é bom

Somos sempre muito bons a criticar, a desvalorizar, a jurar ser capazes de fazer melhor.

Sou um patriota, um apaixonado pelo meu País, ainda que tantas vezes um revoltado com a sua estagnação actual.

Mas vivo com intensidade Portugal e o que é ser Português, a língua, a pátria e os costumes.

Felizmente por aqui, ser-se educado (ainda) é um valor essencial, e por isso, lembro-me da história que alguém contava de, perante uma criança muito educada que alguém elogiava abundantemente, o Pai responder, "não é mais que sua obrigação".

O tempo, o dinheiro, até um complexo de inferioridade que nos acompanha tantas vezes leva-nos frequentemente a desvalorizar coisas em que realmente somos bons.

Mas, às vezes, há que elogiar.

Na última semana, fui confrontado com algumas situações que me fieram ainda mais acentuar a certeza de que, realmente, o que é PortuguÊs é bom.

Caso nº 1:
A caminho de uma viagem intercontinental, dei por mim em cima da hora a fazer o check-in sem passaporte. A importância da viagem não me permitia perdê-la de forma nenhuma. E perante o meu pedido de compreensõ, o gentil senhor da Groundforce (sim, essa companhia qu tantas vezes ouvimos criticar) deu-me meia-hora para que lhe pudesse apresentar o passaporte, isto depois de o check-in já ter fechado. Com a ajuda da minha Mulher, apresentei o passaporte e voei. Não pude deixar de me lembrar de uma situação há não muitos anos em que uma operadora de check-in fechou um check-in na minha cara em Paris, a mais de uma hora do vôo e foi o cabo dos trabalhos para conseguir embarcar!
Decididamente, aqui temos valor acrescentado nacional!

Caso nº 2
Na mesma viagem, numa companhia de bandeira europeia, supostamente pertencente a um grande grupo, vi o meu vôo ser duas horas porque a tripulação, em véspera de feriado numa cidade conhecida pelo seu intenso trânsito nesses dias, não antecipou a sua ida para o avião. Resultado, quase 200 pessoas perderam as suas ligações.
Esta tripulação, ao contrário da TAP, fica num hotel de 5 estrelas cheia de mordomias, serve as pessoas com agressividade, literalmente atirando a comida para as mesas, esquece-se das bebidas, não atende durante o vôo e não tem cobertores sobressalentes num vôo nocturno intercontinental.
É, certamente, mais barata que a TAP num mesmo trajecto. Mas é francamente pior, e faz-nos sentir orgulho da nossa companhia!

Sim, foram dias em que o orgulho de ser Português saiu acentuado. Somos um país de BONS costumes, sabemos servir, sabemos como tratar os nossos clientes.

E por isso, temos que nos orgulhar e acentuar, muitas e muitas vezes, o que é Nacional é bom! Somos um excelente país.

Só nos falta orientar isto e tirar o melhor partido.

sábado, fevereiro 27, 2010

Ontem enquanto olhava a Lua...

Ontem, enquanto à noite, saindo da casa de um Amigo apreciava silencioso a Lua, o mundo tremia não muito longe de onde me encontro.

Ontem, olhando uma maravilha da natureza, inebriando-me com a sua força simbólica e a sua aura, a natureza sacudia-se e arrasava, rebelava-se.

No presente dos dias (e das noites), busco-me e confundo-me, por entre uma nova realidade que me sacode todos os dias quase como o tremor revolto de ontem.

Brincamos aos deuses, uns mais que outros, à nossa escala e dimensão, querendo encontrar as referências que nos encaminhem nos horizontes da vida. E no entanto, a cada dia, recebemos sinais dispersos e conflituantes, de que sim e de que não, de bom e de mau, de sorrisos e de choros, e arrepios de dor e espasmos de prazer.

Hoje apetecia-me dizer muita coisa... Falar do sol, da chuva, da Lua e da Terra, mas não há meio de fazer com que as linhas de pensamento se organizem, se conjuguem em ideais articuladas que justifiquem mais mensagem.

Escrevo na mesma, porque estou farto de apagar, e acredito mais em construir que destruir, em torcer que quebrar (independentemente do que disser o ditado!)

E fico a pensar que ontem, enquanto olhava a Lua, o tempo parecia parar e por um momento ser só meu e eu ser Deus. Mas,afinal, não foi bem assim.

E daqui, deste periscópio da vida, procurando olhar distante o que acontece à minha volta, sento-me e absorvo.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Liberdade de expressão

Por estes dias, ouve-se em todos os cantos gritos de alerta por causa da liberdade de expressão (ou falta dela).
Confesso que este sempre foi um tema que gerou alguma controvérsia dentro de mim próprio. Não porque não acredite na liberdade de expressão, antes porque o mundo ocidental sempre foi perverso na gestão da expressão.
Todos somos a favor da liberdade de expressão excepto quando ela nos incomoda, veja-se os casos dos partidos radicais de direita, dos castigos aos presidentes de clubes de futebol ou os despedimentos por causa do facebook, isto sem esquecer aquele direito que os jornalistas (e os paparazzi) tanto prezam - o direito de informação.
Sempre questionei as situações em que os fins justificaram os meios. Os jornalistas cometem ilegalidades, e ninguém os pode incomodar.
Quando o tiro lhes sai pela culatra, ficam muito revoltados.
Em nome da liberdade de expressão, não terá o Primeiro-ministro direito, na verdade, de dizer o que quer? Ou, por ser PM, os seus direitos são limitados? Ou será que aqui, mais que direitos, estamos a falar de deveres?
Do meu ponto de vista, ninguém pode criticar as conversas do PM e seus amigos. São legítimas e entende-se de onde vem.
Mas, se se tornarem acções, aí, será diferente.
Conversas como a de que se fala devem acontecer muitas vezes. A prova de que ainda existe liberdade de expressão está na importância que esta situação assumiu.
Mas será que aqueles que se auto-intitulam arautos da liberdade de expressão o são realmente? Será que os editores e os jornalistas são mesmo imparciais e livres? Publicarão mesmo os jornais noticias que afectem os seus donos e/ou patrocinadores e/ou “amigos”? E será que isso não é natural? Legitimo?
Penso que a reflexão a fazer tem de ser mais profunda que a superficialidade em que está a ser mantida, com uns quantos a tentarem tirar partido da situação, passando-se por vítimas.
Considero que os meios actuais de informação dificultam (e muito, veja-se a superpoderosa China e o problema Google!) a existência de uma restrição de informação efectiva, em particular nos países mais desenvolvidos. Temos todos de aprender a viver neste novo mundo, em que os meios são mais e com um impacto muito maior.
Talvez o ideal seja o Governo trocar as encomendas de vacinas junto da Glaxo por pastilhas para a azia e aguentar...